Por Renan Ramalho, G1, Brasília
O presidente
afastado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani
(MDB) (Foto: JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
O Supremo Tribunal
Federal (STF) mandou nesta terça-feira (27) soltar o deputado estadual Jorge
Picciani (MDB-RJ), permitindo que ele fique em prisão domiciliar.
Preso desde
novembro por supostamente receber propina para atender interesses de
empresários na Assembleia Legislativa do Rio, Picciani alegou agravamento de
seu quadro de saúde na prisão.
De acordo com nota
divulgada pela defesa, o estado de saúde do deputado "reclama manutenção
de vigilância constante, para controle de possíveis infecções e complicações
metabólicas" (leia a íntegra ao final desta reportagem).
"A cadeia
pública, seja ela qual for, é incompatível com a salubridade recomendada pelo
perito federal criminal", diz o texto da nota.
A defesa apresentou
laudos com quadro de câncer na próstata e bexiga, apontando condições
inadequadas na cadeia para a saúde do parlamentar, que tem usado fraldas em
razão de incontinência urinária.
"Independentemente
da ação penal contra ele proposta, o paciente já se submeteu a quatro
intervenções cirúrgicas na próstata. Última intervenção durou 12 horas. Usa 10
fraldas descartáveis por dia", disse na tribuna o advogado Nélio Machado.
Relator da ação, o
ministro Dias Toffoli concordou com o pedido e foi acompanhado do ministro
Celso de Mello na sessão.
"Aqui não
está em jogo ele ser parlamentar, mas sim uma questão de saúde, tanto que não
se pede liberdade, mas sim prisão domiciliar", disse Dias Toffoli.
"Se é
permitido ao preso definitivo [a prisão domiciliar], a fortiori, com muito mais
razão, ao preso provisório", completou depois, lembrando o fato de o
deputado ainda não estar condenado, mas em prisão preventiva.
Divergência
Único a divergir
no julgamento, o ministro Edson Fachin disse que a prisão domiciliar exige que
o preso esteja "extremamente debilitado", o que ele não constatou a
partir de perícia.
O ministro levou
em conta laudo que descreve Picciani durante a visita: "Calmo, lúcido,
orientado no tempo e espaço, além de bastante cooperativo. Pensamento normal,
humor presente, mas levemente deprimido. Sem delírios ou alucinações. Bom
estado geral, bom estado de nutrição, sinais de emagrecimento recente".
Na decisão, o
ministro Dias Toffoli determinou uma reavaliação do quadro de saúde de Picciani
a cada dois meses para aferir eventual possibilidade de retorno à cadeia.
Não participaram
do julgamento os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, ausentes na
sessão.
Nota da defesa de
Picciani
Leia abaixo a
íntegra de nota divulgada pela defesa de Jorge Picciani:
A defesa de Jorge
Picciani, exercida pelos advogados Nelio Machado, João Francisco Neto e Guido
Ferolla, afirma que a prisão domiciliar possibilita o tratamento médico
especializado que o deputado necessita. O procedimento cirúrgico a que se
submeteu Picciani – retirada de próstata e bexiga para o combate a um câncer -
reclama manutenção de vigilância constante, para controle de possíveis
infecções e complicações metabólicas. A cadeia pública, seja ela qual for, é
incompatível com a salubridade recomendada pelo perito federal criminal.
Fonte: g1.globo.com/politica